Vai que é tua...!

Mestre Natureza 11

A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai,
é esta: 

...e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.
Tiago 1.27

Iniciamos esta série referindo-nos ao inverno, um transtorno cíclico natural, fruto das contingências da própria natureza, que propiciam outros bem mais danosos, como secas, tornados, terremotos, tsunames... Talvez nossa atual crise ético-política esteja mais para estes do que para aquele. À primeira vista parece desesperador, mas observemos: estes ocorrem em áreas restritas e localizadas, a maior parte do planeta está livres deles; em algumas áreas inclusive, também restritas e localizadas, a vida chega mesmo a ser exuberante. Este fato, sim, é o suficiente para alimentar nossa esperança e motivar nossa ação. Com certeza!

A Amazônia é um exemplo. Qual seu segredo? Os doadores que estão bem acima dela, para além da atmosfera, como o sol e a lua, são os mesmos que servem toda a crosta terrestre. Certamente, a diferença está entre os que atuam abaixo dela, no subsolo; nos lugares onde há muito pouca ou nenhuma vida devem faltar as minhocas e seus minúsculos colaboradores, por exemplo. Pode parecer também que seu segredo seja isolar-se, construir muros, afastar-se dos menos afortunados, para proteger-se. Será?

Muito pelo contrário. Que seria dela se não fossem os ventos carregados de umidade que alimentam seus rios, atraídos por sua frescura. Ou das geleiras dos Andes, que armazenam durante o inverno água em abundância, para oferecer-lhe na primavera carregada de sais e matéria orgânica? Desnecessário repetir os enormes benefícios que ela de sua parte envia para o mundo todo. Neste processo, de novo, os beneficiados pelos grandes não lhes retornam nada em pagamento, apenas repassam para os que estão abaixo. Mas em algum gargalo algo está represando esse fluxo vital, formando uma trombose global, prenúncio de um enfarte eminente. Isso não é natural. Necessita com urgência de uma dose cavalar de sinvastatina para neutralizar a ação do colesterol mau e sua gangue; ou talvez medida mais drástica.

Porém, tais procedimentos têm seus inconvenientes, a começar pelos efeitos colaterais, e nem sempre são eficazes, principalmente nos estágios avançados da enfermidade, como acontece com nosso corpo social. A Amazônia mostra o caminho: mesmo sofrendo agressões, recebe apenas insumos saudáveis, permanece prestando seus serviços vitais e a si mesma guarda-se incontaminada do mundo.

É aí que você entra, a seguir.

Ai...!

Mestre Natureza 10

Às três horas da tarde, Jesus gritou bem alto:

- "Eli, Eli, lemá sabactani?" Essas palavras querem dizer:
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
Mateus 27.46

A verdade que descrevemos na última postagem, sem graça nenhuma, também não é nada natural, a natureza não está preparada para superá-la sozinha: não vai passar "naturalmente". O que ela pode fazer é o que faz todo mundo, quando não vê saída ao seu alcance: gritar. Além de aliviar a dor, talvez iniba o agressor ou consiga algum socorro.

Nosso Nordeste tão sofrido nem sempre foi assim. Possuía as terras mais férteis e acessíveis que os invasores encontraram; não por acaso foram as primeiras a serem colonizadas. Em poucos anos, a vida que lá graçava foi exaurida para locupletar os cofres europeus. Com o passar do tempo, as autoridades acabaram acatando a mais importante regra política de toda a história: o direito do mais armado. Mas ainda se ouve o grito inconformado da natureza ecoando através dos séculos.

O Rio de Janeiro apresenta-se hoje como um eloquente símbolo do que aconteceu com nossa exuberante Mata Atlântica. Apesar de todas as agressões sofridas desde que lá aportaram os primeiros homens brancos, até meados do século passado a cidade ainda podia ser chamada de maravilhosa; mesmo as favelas tinham o seu encanto. A cada dia multiplicam-se as pedras que rolam, as encostam que deslizam, soterramentos, enchentes... A ciclovia da Niemeyer seria apenas um exemplo dramático, ou só sem graça?

Minas Gerais: Uma rápida passada pelas alterosas, pois não há como calar Mariana, Brumadinho e seus rios abaixo.

E o grito da Amazônia agonizante já repercute há algum tempo ao redor do planeta. Seus violentadores justificam-se com discursos técnicos e rebuscados: - É frescura dela!

Estes gritos parecem não intimidar os agressores, e o gigante, forte, impávido, continua deitado eternamente em berço explêndido. A Mestra não tem muito mais a nos ensinar para dar um fim a esse invferno político misturado com endemia moral intermináveis e artificiais, criados por nós mesmos. Porém, cada um de nós, seres inteligentes, políticos, éticos, pode fazer muito mais, aliando-se aos que nada mais esperam para dar o melhor de si, do que ficar apenas se queixando, xingando, exortando os outros pelas redes sociais:

Porque todos aqueles que pedem recebem;
aqueles que procuram acham;
e a porta será aberta para quem bate.
Mateus 7.8

Uma verdade, meio sem graça

Mestre Natureza 09

E muito se maravilhavam da sua doutrina,
porque a sua palavra era com autoridade.
Lucas 4.32

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
João 1.14

Temos um presidente de verdade, mas sem nenhuma graça. Não fala como quem tem autoridade. Poucos a reconhecem; e declaram que de fato estão cansados de todas elas. E ele é apenas uma caricatura dos que hoje ocupam as alturas.

Mas, o que tinha de diferente a palavra de Jesus que fazia transparecer sua autoridade? Não era o que ele dizia, mas o que fazia: curava os enfermos e alimenrava os famintos, sem receber nada em troca; de acordo com as leis que ele mesmo estabeleceu para toda a criação. Segundo tais leis, o serviço e as riquezas devem fluir de cima para baixo, do maior para o menor, dos que têm para os que não têm. Mas a política dos seres humanos funciona no sentido inverso: que os pequenos sirvam os grandes; que a riqueza produzida pelos que têm pouco ou nada vá engordar a dos que já têm de sobra. Essa inversão de direção gera outras anomalias danosas.

Por exemplo, tudo que é gerado pela natureza é empregado para enriquecer a vida, ela não produz lixo, poluentes que ficam atrapalhando seu funcionamento e provocando doenças; nem guarda para si o necessário para o outro. Se alguém se dispuser a calcular, certamente vai chegar à conclusão de que a o trabalho dispendido para produzir e armazenar os rejeitos, somado ao gasto prara gerar saldos bancários inativos e supérfluos, daria de sobra para erradicar a pobreza do mundo, se direcionados para esse fim.

Quem retêm o que falta para os pequenos costuma declarar que trabalhou muito para merecê-lo. Impropriamente, pois trabalho de verdade é o esforço dispendido para produzir a riqueza necessária para manter a vida, não para apropriar-se da produzida por terceiros, seja direta ou indiretamente. Nada parecido acontece na natureza, sob nenhum pretexto: tudo é direcionado para enriquecer a vida de todos.

E o que teria a mestre natureza a nos dizer sobre essa situação sem graça?

Ai! A seguir.

Uma piada, cheia de graça

Mestre Natureza 08

“...a utilização de húmus de minhoca aumenta o teor de matéria orgânica no solo e o fornecimento de elementos essenciais ao solo como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre e também micronutrientes. Além disso, proporciona aumento da capacidade de retenção da água da chuva. Há diminuição da compactação do solo, relacionada a maior aeração e enraizamento, que aumenta a captação de nutrientes pelos vegetais. A utilização desse composto pode ainda eliminar ou diminuir doenças do solo, através da ativação de microrganismos benéficos às plantas, e corrigir o solo se houver excesso de substâncias tóxicas. Pode haver contribuição para o equilíbrio do pH do solo, corrigindo a acidez do solo, muitas vezes provocada pelo abuso da adubação química.”

(Wikipedia)

Assim, a minhoca não é tão insignificante quanto parece. Além disso, seu minúsculo cérebro é bem mais complexo do que o mais avançado computador até agora produzido pelo ser humano.

Ela é servida, por exemplo, primeiramente pelos vegetais e animais de todo porte, que lhe fornecem de várias formas a matéria orgânica a ser processada; também pela água, que amolece a terra para que ela possa realizar seu trabalho. Esta é servida pelo vento, que a transporta para onde se faz necessária. Este, pela temperatura e diversos outros agentes, que o impulsionam e o direcionam aos seus destinos. 

E por aí vai até chegar ao grande sol, que de seu sistema nada recebe como pagamento, embora servidores ainda maiores que ele garantam sua existência e funcionamento, que mesmo assim o desgasta enormemente, de modo que daqui cerca de uns cinco bilhões de anos terá de se aposentar. Daqui para a frente fica difícil seguir essa trilha, porque inclui processos quase nada relacionados com nosso cotidiano, mas certamente, crendo ou não, acabaríamos chegando ao que todos chamam Deus, sempre presente, o que tudo dá e nada recebe, nem de baixo nem de cima, pois simplesmente inexistiria algo maior ou superior a ele.

Segue: Uma verdade, meio sem graça