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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Qual é a boa?

Primeiro a ruim. Os primeiros séculos da era cristã coincidiram com o início da queda do Império Romano. A ordem interna, bem como a defesa das fronteiras ameaçadas consumiam recursos cada vez mais vultosos que provinham dos povos dominados, de modo que a vida não era nada fácil nem mesmo para os ricos que viviam nesses territórios. Praticamente tudo que estes produziam era arrecadado pelo estado, através de inúmeros e pesados impostos, quando não pela simples usurpação violenta. O endividamento era uma consequência inevitável, com juros que tornava os débitos simplesmente impagáveis.
Os pobres eram constituídos basicamente por multidões de escravos famintos cujos senhores não conseguiam mais sustentá-los e que perambulavam pelas grandes cidades. Multiplicavam-se as revoltas, que eram reprimidas sem piedade.
Foi portanto quando o anjo proclamou aos pastores de Judá:
- Não tenham medo!
Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês!

Lucas 2.10
O povo judeu, que gozara de ampla autonomia por alguns séculos, desde a volta do exílio na Babilônia, sob o domínio do Império Persa, que sobrevivera com alguma dificuldade sob o Grego, ia no mesmo caminho sob o Romano, até que não mais aguentou e revoltou-se no início dos anos sessenta, Século I de nossa era. A repressão pegou particularmente pesado desta vez, morreriam mais de um milhão de judeus, o Templo acabaria sendo destruído em 70dC e a nação hebraica aniquilada em 135.
Mas, qual é a boa? Fica para a próxima.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Tudo em comum

As passagens de Atos que transcrevemos na última postagem datam do final do século primeiro.
Em meados do segundo, Luciano de Samósata, historiador não cristão, numa descrição crítica daquela prática, assim se referiu aos cristãos:
Desde que mudaram de culto, renunciaram aos deuses gregos e adoram o sofista crucificado de quem seguem as leis. Desprezam igualmente todos os bens e poem-nos em comum, pela fé completa que têm nas suas palavras.”
No final do mesmo século, foi Tertuliano que testemunhou:
...somos irmãos na nossa propriedade familiar com a qual a maior parte das vezes se dissolve a irmandade. Nós, portanto, que estamos unidos de alma e espírito, não temos dúvidas em ter bens em comum...”
Curiosa é uma carta de Mensurius, bispo de Cartago, a Secundus, bispo de Tigrisi, durante a perseguição sob Diocleciano, já no início do quarto século, em que declara ter proibido que alguém fosse homenageado como mártir que se entregara por vontade própria. Diz ele:
alguns deles eram criminosos e devedores do Estado, que achavam que poderiam, com isso, se livrar de uma vida onerosa, ou então apagar a lembrança de seus delitos, ou pelo menos ganhar dinheiro e gozar na prisão os luxos supridos pela bondade dos cristãos.”
Foi no final deste mesmo quarto século, quando a Igreja já gozava das benevolências do Império Romano, que coube a São João Crisóstomo lamentar:
Ah! Por que é que se terão perdido estas tradições? Ricos e pobres poderiam todos tirar proveito destes costumes piedosos e uns aos outros sentiríamos o mesmo prazer em nos conformarmos com eles...”
Vamos refletir sobre isso? Na próxima.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Frutos do arrependimento/Espírito

João Batista dizia aos judeus que o procuravam para serem batizados:
Façam coisas que mostrem que
vocês se arrependeram dos seus pecados.

Lucas 3.8
E esta foi a mensagem que Paulo declarou anunciar primeiro em Damasco e depois em Jerusalém, em toda a região da Judéia e entre os não-judeus:
Eu dizia a todos que eles precisavam abandonar os seus pecados,
voltar para Deus e fazer coisas que
mostrassem que estavam, de fato, arrependidos.

Atos 26.20
Podemos iniciar a reflexão crítica sobre nossa prática cristã, referida na última postagem, examinando como os primeiros convertidos demonstravam que estavam arrependidos de fato? Por exemplo, os quase três mil que se converteram já no dia de Pentecostes:
Todos os que criam estavam juntos e unidos
e repartiam uns com os outros o que tinham.
Vendiam as suas propriedades e outras coisas
e dividiam o dinheiro com todos,
de acordo com a necessidade de cada um.

Atos 2.44-46
Ou os cinco mil que aceitaram a mensagem de Pedro após a cura de um aleijado no templo:
Ninguém dizia que as coisas que possuía eram somente suas,
mas todos repartiam uns com os outros tudo o que tinham…
Não havia entre eles nenhum necessitado, pois todos os que tinham terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o entregavam aos apóstolos.
E cada pessoa recebia uma parte, de acordo com a sua necessidade.
Atos 4:32-35
Esta prática perdurou por no mínimo dois séculos: na próxima postagem.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Evangeliza Ação

Os espinheiros não dão uvas, e os pés de urtiga não dão figos.
Mateus 7.16.
Li em algum lugar que os marqueteiros do nosso atual presidente da república direcionaram sua campanha eleitoral ao brasileiro médio, a partir de uma criteriosa pesquisa sobre seu perfil.

Primeira conclusão: eles já sabiam e o resultado do pleito confirmou que o poder político em nosso país não está na mão das elites, nem dos militares, muito menos do povo, mas do brasileiro médio, seja lá o que isso signifique.
Segunda conclusão: o que o brasileiro médio espera de seus governantes deve ser o que foi prometido pelos vencedores durante a campanha, isto é, “confronto e violência, além de práticas muitas vezes mais abomináveis do que as piores que eles mesmos atribuem ao adversário”, conforme observado em nossa postagem de 23 de outubro passado. A proposta era tão ruim que eles próprios estão tendo que dar uma aliviada, meio sem jeito.
Sendo verdadeiras estas duas, podemos acrescentar mais uma.
Terceira conclusão: o brasileiro médio ainda não foi alcançado pelo Evangelho.
É evidente que não poderíamos esperar outro resultado dos pregadores médios, ou midiáticos, que nos assolam. Nem cabe estar a repreendê-los, afinal:

Os espinheiros não dão uvas, e os pés de urtiga não dão figos.
Mateus 7.16.

E que dizer das mensagens teológica e politicamente corretas? Levando em consideração nossas últimas postagens, talvez as esperadas ações sábias, igualmente corretas, que deveriam acompanhá-las, possam ter deixado a desejar. O momento pede uma reavaliação crítica.

A sabedoria do alto é, sim, muito pura então;...
produz a messe memorável… de ações boas,
e é livre do fingir e preconceito.

Tiago 3.17

quinta-feira, 2 de maio de 2019

O que importa


”...quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos,
foi a mim que fizeram.”

(Mateus 25.40)
O que é de Deus...
Para Jesus, o dinheiro de César não tinha nenhuma importância. O que realmente importava era o que é de Deus. Mas, o que é de Deus?
Esta exortação nos remete à parábola dos lavradores assassinos, que seus inquiridores acabavam de ouvir (Marcos 12.1-11). Nesta parábola, um homem que plantou uma vinha e a arrendou a alguns vinhateiros para receber em contrapartida uma parte da mesma. Evidentemente, Deus era o dono da vinha e o que era dele, parte dos frutos; seus interpeladores, os vinhateiros. A lamentação do mestre sobre Jerusalém afastaria definitivamente qualquer dúvida:
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados,
 quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, e não o quisestes!

Mateus 23.37
...a Deus
No tempo oportuno, enviou um servo aos vinhateiros
para que recebesse uma parte dos frutos da vinha.

(Marcos 12.2)
Estes servos, aos quais deveria ser entregue parte dos frutos da vinha, são igualmente bem conhecidos:
Então, lhes responderá com estas palavras:
“Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos,
foi a mim o deixastes de fazer.

(Mateus 25.45)
Finalmente, para não restar dúvidas: quem são mesmo esses pequeninos?
Os que têm fome e sede, os desabrigados, os nus, doentes, os encarcerados... (Mateus 25.41-43)