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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A voz do céu


Leis que regem bem o céu, Jó, lhe são bem dominadas?
Sabe como devem ser bem, na terra, aplicadas?
Jó 38.33

Considerando na íntegra a fala de Deus em Jó 38.1-40.2, fica bem claro que ele se refere ao céu conforme descrito na narrativa da Criação no Gênesis, onde habitam o sol, a lua, as estrelas, o firmamento, as águas de cima. Do mesmo modo, a terra, ocupada pelos pássaros, águas de baixo, peixes, terra seca, as plantas, os animais, os seres humanos.
Este discurso vindo da parte do Deus Eterno traduz a convicção que movia os sábios antigos de que as leis que regem o céu devem ser bem aplicadas na terra, e que a maneira de dominá-las seria observando o comportamento das coisas criadas, e a isso se dedicavam com empenho.
Foi também essa certeza que moveu o apóstolo Paulo a anunciar o evangelho aos gentios, os pagãos:

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divindade,
 claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo,
sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Romanos 1.20
Até o salmista já sabia:
Não há discurso nem palavras, e não se ouve nenhum som.
No entanto, a voz do céu se espalha pelo
mundo inteiro,
e as suas palavras alcançam a
terra toda.
Salmo 19.3-4
Infelizmente, mais tarde, por influência da filosofia grega, a igreja acabou subestimando essa rica fonte de conhecimento do divino, preferindo buscar suas verdades no mundo abstrato das ideias, do pensamento, da lógica, das doutrinas, dos dogmas, dos sistemas teológicos.
Mas a natureza tem pedido a palavra com tamanha veemência nestes tempos que não se pode mais simplesmente ignorar seus últimos alertas, que constituem também um chamado a seguir os sábios antigos e todos os mensageiros bíblicos; isto é, a observar com atenção as coisas criadas a fim de encontrar uma saída para essa encrenca em que se meteu a humanidade.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Mais sobre o sofrimento


Oh! por que meu Deus-Poder não me agenda pra julgar;
marca um dia para, aos dEle, Sua justiça realizar?
 Jó 24.1
Leia Jó 24.1-12
Nesta passagem, Jó expõe resumidamente o horror do principal motivo de sua revolta: o sofrimento imposto sobre as pessoas pelas próprias criaturas humanas, diga-se, pelos poderosos sobre os vulneráveis. A atualidade e a disseminação global desta prática absolutamente perversa são tão transparentes na sociedade em que vivemos que dispensam qualquer argumento.
Esta situação parece não ter fim. Séculos depois das queixas de Jó, os mártires do Apocalipse ainda se perguntavam: Ó Todo-Poderoso, santo e verdadeiro! Quando julgarás e condenarás os que na terra nos mataram? (Apocalipse 6.10). Clamor que também repercutiu nos milênios seguintes e chega até nós.
A bíblia reconhece tal realidade, mas também orienta como proceder enquanto aquele julgamento tão reclamado não acontece.
Jesus mesmo advertiu: No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem (João 16.33). E o apóstolo mostrou como encarar essa dificuldade: Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo (Gálatas 6.2).
Do mesmo modo, o Deuteronômio já previa: - Sempre haverá pobres e necessitados no meio do povo, e também mostrou a solução: por isso eu ordeno que vocês sejam generosos com todos eles (Deuteronômio 15.11).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Falei mais do que devia.


Na postagem A DEMOCRACIA AGONIZA – 2, servimo-nos das palavras de Jó para traduzir o sentimento de profunda impotência que se apoderou do conjunto de brasileiros e brasileiras que trabalha pelo bem de nossa pátria comum:
Até mesmo a mim mesmo não consigo ajudar;
ninguém há que me socorra – que me venha amparar!

Jó 6.13
Seria interessante os que nos sentimos parte desse conjunto prosseguirmos mais um pouco na trilha do mesmo personagem e compartilharmos outro sentimento expresso por ele mais adiante:
...com Deus, falar eu quero – com o Poderoso Bem –
discutir com o Poder, só com Ele, minha questão.
Jó 13.3
Se formos sinceros com o Poderoso Bem como foi Jó, talvez nos respondesse do mesmo modo. Confira nos capítulos 38.1-40.2. Nenhuma palavra sobre as queixas bem objetivas do agonizante, principalmente sobre o sofrimento dos fracos, a boa vida dos opressores e sua própria agonia. A nós, certamente também nenhuma sobre tudo o que esbravejamos nas redes sociais, mas uma bem fundamentada advertência:
Leis que regem bem o céu, Jó, lhe são bem dominadas?
Sabe como devem ser bem, na terra, aplicadas?
Jó 38.33




O suficiente para arrancar de nosso herói palavras tão econômicas quanto eloquentes:
Ó Eterno, nada valho; o que eu responderia?
Eu prefiro estar calado. Falei mais do que devia.

Jó 40.3-5
Voltaremos a falar sobre isso.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A DEMOCRACIA AGONIZA - 2

Somos nós os que causamos todo esse sofrimento;
é tão certo como brasas atiçadas pelo vento.

Jó 5.7
Concorda com Elifaz?
Não precisa prestar muita atenção nos seus longos discursos que sucederam esta primeira intervenção para concluir que esse nós a que se refere como responsáveis pelos sofrimentos do amigo não inclui ele próprio, de modo nenhum.
Muito pelo contrário. Olhe o que chegou a afirmar mais adiante sobre o próprio agonizante:
Se o Eterno o castiga, pra prestar-Lhe contas, chama,
a razão não é porque, com temor, você O ama,
mas é, sim, porque você, ah! pecados cometeu
e seus males não têm conta!

Jó 22.4-5
Leia até o versículo 10 e espante-se com o que chegou a afirmar sobre o amigo, simplesmente pelo fato de ele estar na pior. Eliú também não deixou por menos:
Você, Jó, está sofrendo, mas por sua iniquidade;
cuide bem pra não voltar a fazer, pois, tal maldade.

Jó 36.21
Como hoje, nunca faltam os conselheiros de plantão que, com ar de sabichão, tentam convencer um pobre agonizante que a Deus teme e busca nada errado a voltar-se contra os já debilitados. É o caso de nossa jovem e frágil democracia: responsabilizada pelos males que golpeiam nossa sociedade, apanhou tanto nestes últimos tempos e está se sentindo como Jó:
Até mesmo a mim mesmo não consigo ajudar;
ninguém há que me socorra – que me venha amparar!
Jó 6.13

Sobre o Sofrimento




"Meus amigos, as suas consolações são vazias;
tudo o que vocês dizem é mentira."

Jó 21.34
O abatimento das três personagens que vimos analisando tiveram causas bem objetivas, de modo que nem se cogitou de qualquer terapia. Causas que ainda atuam em nossos dias e que também podem ser superadas de forma semelhante.
A cegueira de Tobit deveu-se a fezes de pássaro que lhe caíram nos olhos. Bastou um anjo de carne e osso providenciar-lhe o medicamento correto. Hoje, limitações de várias deficiências são superadas com tratamentos ao alcance de ricos e pobres.
A desgraça de Sara foi obra de um demônio, dominado com facilidade por um anjo divino, de conformidade com inúmeros relatos que ainda hoje se ouvem.
A angústia de Jó também teve origem em causas imediatas bem objetivas: saques, fenômenos naturais, enfermidades. A solução também resultou de ações bem concretas:
Todos os seus irmãos e irmãs e todos os seus amigos foram visitá-lo
e tomaram parte num banquete na casa dele.
Falaram de como estavam tristes pelo que lhe havia acontecido
e o consolaram por todas as desgraças que o SENHOR havia feito cair sobre ele
.
E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.
Jó 42.11
Nada impossível de ser realizado.
Segue: Mais sobre o sofrimento