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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

segunda-feira, 17 de junho de 2019

No rastro dos Comuns


Os primeiros cristãos encararam um período extremamente conturbado política, social e economicamente, repartindo os seus bens, e conseguindo ainda assim acumular para a igreja, até o final do terceiro século, um patrimônio considerável. Mesmo vivendo em constante tensão com o Império Romano e encarando problemas internos de toda ordem.
Já no século V, entretanto, quando já contava com total apoio do governo, os chefes, aqueles que no início foram encarregados de distribuir os bens comuns, passaram a reter para si a metade dos rendimentos totais, um quarto para os poucos bispos e outro para a legião de padres; a outra metade era dividida igualmente entre a manutenção da instituição e o socorro dos pobres. E, para encurtar, no término do século dezoito, a igreja possuiria só na França um quinto do território nacional, situação que começou a mudar com o advento da Revolução Francesa.
Felizmente, a trajetória da Igreja não foi tão simples. Há notícias de comunidades que não seguiram a corrente dominante, ou dela se afastaram mais tarde; algumas adotaram partilha de seus bens para encarar suas adversidades, âs quais talvez não tenhamos prestado a devida atenção. Mesmo muitas que seguiram os passos de Roma adotaram essa prática com muita eficiência: são exemplos algumas ordens religiosas e mosteiros.
A História do Brasil registra também algumas iniciativas inspiradoras que merecem ser reexaminadas com mais cuidado; dentre elas, destacam-se a dos Sete Povos das Missões que, na verdade, foram bem mais que sete, e representam talvez a página mais bela, como também mais triste de nosso currículo comum. Há que se observar a trajetória dos quilombos, que ainda hoje exibem seus feitos heroicos e foram igualmente mais numerosos e complexos do que se conta. E Canudos, não passou mesmo de uma experiência exótica, como nos narraram seus destruidores?

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Primeiro, a ruim.

Na última postagem, mencionamos uma boa notícia de há vinte séculos. Para maior compreensão de seu significado, foi indispensável contar antes uma ruim. De certo modo, explica porque seria recebida na época como uma BOA nova. Se fosse para hoje, seria ainda melhor. Pelas mesmas razões, uma ruim primeiro.
Infelizmente, nestes dias, só nos assaltam mesmo notícias ruins. Todas as previsões são muito pessimistas, para o caso de não acontecer uma mudança tão ou mais radical do que aquela de há vinte séculos.
Para simplificar, e nos limitar ao mais dramático, vamos supor que neste mundo só existam três pessoas: Moe, Larry e Curly. Moe produz e vende, Larry compra e Curly provê o dinheiro de que precisam, na forma de investimento ou empréstimo, em troca de uma compensação chamada lucro ou juros. Moe o paga com o resultado de suas vendas; Larry paga as compras e os juros com seu trabalho.
Acontece que Moe e Larry nunca conseguiram saldar totalmente seus débitos com Curly, de modo que este passou a emprestar-lhe não apenas para custear suas produção e compras, mas também os juros que já lhe deviam (juros sobre juros). Para reverter a situação seria necessário aumentar a produção e diminuir os custos, inclusive com a redução dos trabalhadores ou de seus salários que, paradoxalmente, deveriam aumentar para poder absorver as mercadorias produzidas a mais. Como a coisa continuou piorando, chegamos ao ponto em que a dívida global em 2016 chegaria ao absurdo de 225% do que é produzido em todo o mundo. Isto é, se Moe e Larry parassem de produzir e de trabalhar, entregassem tudo a Curly, ficariam sem mais nada e ainda continuariam lhe devendo mais um tanto e um quarto. Sem mencionar os recursos naturais a serem empregados, dos quais o planeta, para dizer toda a verdade, já nem mais dispõe.
Moe, Larry e Curly sabem muito bem da catástrofe que nos aguarda a todos; entretanto, os três patetas estão brigando mesmo é para garantir na marra cada qual para si o que possa sobrar.
Mas uma boa, agora NOVA para hoje, paira no ar. A seguir.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Agora, A BOA


Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês
- o Messias, o Senhor!

Lucas 2.11
Foi durante os tempos conturbados resumidos na última postagem que, entre os cristãos:
Ninguém dizia que as coisas que possuía eram somente suas,
mas todos repartiam uns com os outros tudo o que tinham.

Atos 4:32
Como também verificamos anteriormente, esta prática não somente sobreviveu por no mínimo dois séculos, mas estendeu-se igualmente pelo menos até o norte da Africa. Muito diferente da versão amplamente aceita de que tenha se circunscrito à igreja de Jerusalém, enquanto os crentes aguardavam a muito próxima volta do mestre, até que os suprimentos acabaram e tiveram que voltar a trabalhar ou contar com as ofertas recolhidas pelo apóstolo Paulo.
Transparece também dos testemunhos examinados que essas comunidades, compartilhando seus bens, gozavam de certa fartura. E não é de se estranhar que pessoas, ricas e pobres, adotando o Sermão do Monte como sua nova Lei, tenham chegado a tais resultados, embora não sem dificuldades.
Nelas, vivia-se as palavras de Tiago:
O irmão que é pobre deve, bem contente já ficar
quando o Eterno Deus Senhor faz sua vida melhorar;...
e o rico deve, sim, assim mesmo já ficar
quando o Eterno Deus Senhor faz sua vida piorar.

Tiago 1.9-10
A proclamação do anjo transcrita no início esclarece a declaração do Salvador quando Zaqueu resolveu dar a metade de seus bens aos pobres:
- Hoje a salvação entrou nesta casa.
Lucas 19.9
Mas não acabou. Proximamente, uma melhor.