A idéia de um estado laico é
bastante atraente. Mas nem por isso deixa de causar estranheza, principalmente
entre os que valorizam a religião. É difícil imaginar uma situação que não tem
precedentes na história. Mesmo depois que foi estabelecida a separação entre
igreja e estado, os dois ainda continuaram convivendo numa proximidade apenas
comparável ao matrimônio, ora em cumplicidade, ora em grande tensão. Nossos
locais públicos estão de tal maneira impregnados com símbolos de diversas
religiões, que recentes sugestões para retirá-los soaram como uma verdadeira
amputação.
O próprio termo laico foi tomado do vocabulário religioso.
Laico, ou leigo, é até hoje empregado para designar o crente comum, em
contraposição ao clérigo, o sacerdote
ou ministro ordenado. Foi por analogia que passou a ser aplicado às pessoas que não possuem
conhecimento aprofundado sobre qualquer área específica do conhecimento humano,
ao contrário do especialista ou conhecedor.
É significativo também que
essa designação provenha de uma palavra grega que significa povo, literalmente. Desse modo, muito
apropriada para qualificar um estado democrático, onde todo poder emana do povo
e em seu nome é exercido. Mas, existiria outro lugar onde a religião se sinta
tão à vontade senão no meio do povo?
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