O que dificulta o debate da
questão, e impossibilita até mesmo o estabelecimento de qualquer norma a
respeito, é que nem os homens públicos nem os religiosos têm uma idéia clara
tanto sobre a natureza da religião quanto a do próprio estado, nem existe um
consenso entre uns e outros. O que é muito natural e saudável; desastroso seria
se fosse diferente.
A França talvez seja o país
onde o assunto venha sendo mais amplamente considerado. Lá, numa ponta, há quem
ache que, num estado laico, a religião deveria se restringir ao espaço privado
de cada indivíduo ou comunidade religiosa, como igrejas, templos, sinagogas,
mosteiros, terreiros...; não poderia ocupar espaços públicos, inclusive na
imprensa; nem opinaria sobre questões de estado. Na outra ponta, está quem
pensa que implicaria em um estado que facilitasse e mesmo promovesse o diálogo
entre as religiões e entre elas e a sociedade, incentivando as expressões
religiosas que contribuíssem para o bem estar social.
No Brasil, de acordo com
uma campanha veiculada pela mídia, significaria simplesmente que o estado não
tem religião oficial, de modo que cada cidadão seria livre para escolher uma ou
nenhuma, mas não há clareza sobre no que isso implica na prática. Há, entretanto,
os que pensam que essa liberdade não dá a ninguém o direito de opinar sobre a crença do outro, ainda que respeitosamente, nem de se meter em
questões de estado com base em suas convicções religiosas. Visão que parece difícil de encaixar naquilo que temos
aprendido sobre o que seria um regime verdadeiramente democrático.
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