Continuação da postagem
POLÍTICA, NEGÓCIOS... E RELIGIÃO.
Religiosos
poderosos seguidamente procuram inviabilizar ou desacreditar atividades
científicas que possam relativizar doutrinas que fundamentam a manutenção de
seus privilégios, mas muitas conquistas das ciências deveram-se também à
inspiração religiosa. Santo Agostinho, bispo de Hipona, por exemplo, muitos séculos
antes de Einstein demonstrar cientificamente a relatividade do espaço e do
tempo, baseado em premissas teológicas, já afirmava que este último era uma
propriedade do universo criado por Deus e não existia antes dele. Foi um padre,
Copérnico, quem primeiro percebeu que a terra não era o centro do universo,
pois gravitava em torno do sol; teoria que levou mais de um século para ser
demonstrada pelos cientistas Kepler e Galileu. Gregório Mendel, o Pai da Genética, era monge agostiniano. Quem
sugeriu pela primeira vez que o universo teria se originado em algo semelhante
ao Big Bang, Georges Lemaître, também era padre.
A respeito dos muçulmanos,
cito Dennis Overbye: Comandados pelo
Corão para buscar o conhecimento e ler a natureza através dos sinais oferecidos
pelo Criador... A língua árabe foi sinônimo de instrução e ciência durante
quinhentos anos, uma idade de ouro que pode contar entre seus créditos com os
antepassados das modernas universidades, a álgebra, os nomes das estrelas e até
a noção de ciência como investigação empírica. No ocidente, vivia-se então a
idade das trevas.
A religião, de fato, não se
mistura com política, economia, nem com as ciências empíricas; as tentativas de
fazê-lo sempre causaram muitos danos. Mas são igualmente inseparáveis, sob pena de
também ocasionar muitos prejuízos. A religião constitui ao lado de cada uma
dessas atividades o segundo trilho da ferrovia sobre os quais se apóia o trem
da sociedade rumo ao seu destino, em todos os ambientes em que ele se move. Os
trilhos não podem ser misturados; sempre juntos, devem manter uma distância
constante; quando se aproximam ou se afastam demais, é desastre na certa. A
humanidade não pode prescindir do esforço próprio da religião para harmonizar
seu comportamento com a ação sábia e amorosa de Deus em curso, a fim de ser bem
sucedida em seus empreendimentos, de qualquer natureza. É a via que busca
apontar e acompanhar a sociedade ao destino mais seguro e pela rota mais
confortável.
Além disso, a verdadeira
religião move-se também em raia própria, missão para a qual ela dispõe dos
requisitos: a formação do caráter das pessoas, em termos laicos. Ou melhor,
convencer os indivíduos a preocuparem-se, antes de tudo, com o que é verdadeiro, respeitável, justo,
puro, amável, de boa fama, conforme as palavras do apóstolo aos filipenses.
Do que mais carece o mundo em nossos dias, certamente, é que as religiões se
dediquem com mais empenho nesse afã que lhe é próprio.
Referência bíblica:
Filipenses 4.8
Filipenses 4.8
Nenhum comentário:
Postar um comentário