Os
primeiros cristãos encararam um período extremamente conturbado
política, social e economicamente, repartindo os seus bens, e
conseguindo ainda assim acumular para a igreja, até o final do
terceiro século, um patrimônio considerável. Mesmo vivendo em
constante tensão com o Império Romano e encarando problemas
internos de toda ordem.
Já
no século V, entretanto, quando já contava com total apoio do
governo, os chefes, aqueles que no início foram encarregados de
distribuir os bens comuns, passaram a reter para si a metade dos
rendimentos totais, um quarto para os poucos bispos e outro para a
legião de padres; a outra metade era dividida igualmente entre a
manutenção da instituição e o socorro dos pobres. E, para
encurtar, no término do século dezoito, a igreja possuiria só na
França um quinto do território nacional, situação que começou a
mudar com o advento da Revolução Francesa.
Felizmente,
a trajetória da Igreja não foi tão simples. Há notícias de
comunidades que não seguiram a corrente dominante, ou dela se
afastaram mais tarde; algumas adotaram partilha de seus bens para
encarar suas adversidades, âs quais talvez não tenhamos prestado a
devida atenção. Mesmo muitas que seguiram os passos de Roma
adotaram essa prática com muita eficiência: são exemplos algumas
ordens religiosas e mosteiros.
A
História do Brasil registra também algumas iniciativas inspiradoras
que merecem ser reexaminadas com mais cuidado; dentre elas,
destacam-se a dos Sete Povos das Missões que, na verdade, foram bem
mais que sete, e representam talvez a página mais bela, como também
mais triste de nosso currículo comum. Há que se observar a
trajetória dos quilombos, que ainda hoje exibem seus feitos heroicos e foram igualmente mais numerosos e complexos do que se
conta. E Canudos, não passou mesmo de uma experiência exótica,
como nos narraram seus destruidores?
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