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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O inverno também acaba

          As variações do clima político costumam assemelhar-se ao ciclo das quatro estações do ano, por coincidência ou porque os dois fenômenos obedecem com suas especificidades às mesmas leis que regem as coisas criadas em sua totalidade, o mesmo sistema.
O inverno, que mais uma vez se retira, é certamente a mais desagradável das quatro. O frio e a baixa umidade do ar, que em si já são um grande transtorno, tornam as pessoas vulneráveis a uma série de enfermidades. Tem-se a impressão que na superfície da terra tudo começa a morrer. Custa a passar, cada um enfrenta como pode, na certeza de que logo virá a primavera e depois o verão. Mas o verdadeiro culpado por essa situação é mesmo o outono, quando o sol teimou em levantar-se cada dia mais tarde e a recolher-se cada vez mais cedo, inclinando ainda mais sua trajetória, de modo a não conseguir clarear e aquecer adequadamente o planeta.
Foi exatamente com a chegada do inverno que o astro rei começou a tornar sua jornada cada dia mais longa e a ir se aprumando no céu, de modo que no final do período a superfície pudesse estar bem mais iluminada e o clima bem mais ameno, digno da estação que viria em seguida. Mas foi no subsolo onde houve trabalho bem mais intenso, onde a vida se preparava freneticamente para eclodir: a minhoca e outros bichinhos não cansavam de processar, discretamente o material orgânico ali depositado, possibilitando que germinassem as sementes e brotinhos enterrados. Onde o frio foi mais intenso e caiu neve, mesmo antes desta dissipar-se, o fruto daquele labor já começara com sua pujança a ornamentar a primavera.
No ambiente político cujo desconforto começou bem mais cedo e parece que não vai acabar tão cedo, as reações das pessoas são mais ou menos as mesmas. Têm aquelas que estranhamente se gabam de preferir o frio e as noites mais longas, como aquelas que fazem questão de alardear gostarem do que estão fazendo com nosso país. Mas não escapam aos olhos atentos aquelas que discretamente preparam tempos mais agradáveis, que certamente serão ainda muito mais duradouros do que este infverno sem fim que, apesar de tudo, nos possibilitou ver com mais clareza o que verdadeiramente se passa na superfície.





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