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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Que é o homem?


O DEUS da Criação 11
Que é o homem mortal para que te lembres dele?
e o filho do homem, para que o visites?
Pois pouco menor o fizeste do que os anjos,
e de glória e de honra o coroaste.
Salmos 8.4,5
Como seres humanos sempre nos consideramos a mais evoluída de todas as criaturas, sem a menor sombra de dúvida. Foi certamente pelo conhecimento tácito que descobrimos, pois, apesar de toda certeza, nunca soubemos explicar bem por quê. O salmista cria que Deus nos fizera assim. A teoria da evolução das espécies concluiu sermos os que tínhamos maiores chances de sobreviver sobre a face da terra, mas sabe-se hoje que os insetos são muitas vezes mais capacitados que nós nessa modalidade e que na verdade representamos na atualidade a maior ameaça à vida no planeta. Mas não descemos do salto. Considera-se também nossa inteligência o fator determinante e fomos denominados Hommo Sapiens, mas é exatamente nossa inteligência que está a ponto de botar tudo a perder
Já Polanyi, o autor que vimos comentando, considera ser nosso senso moral, ético, o que nos torna únicos, nossa possibilidade de escolher entre o bem e o mal, o certo e o errado. Percebemos aqui uma convergência com a conclusão do Elogio da Sabedoria que encontramos no livro bíblico de Jó (capítulo 28), onde sabedoria e entendimento são concebidos como um exercício não simplesmente racional, mas sobretudo ético:
Eis que o temor do Senhor é a sabedoria,
e o apartar-se do mal é o entendimento
.”
(Jó 28.28)
Considera também que os seres vivos mais evoluídos são passíveis de malformação, risco que aumenta à medida que sobem na escala evolutiva. Seria o caso dos animais, mais propensos às doenças e deficiências que as plantas. Os racionais, além disso, podem também cometer equívocos com relação aos seus conhecimentos. Inclui finalmente entre as deficiências ou malformações a prática do mal que afetam os que possuem senso moral e ocupam o nível mais elevado.
Fácil perceber a proximidade dessa percepção com o que afirma a bíblia sobre o livre arbítrio e o pecado. Inclusive pode auxiliar a teologia a superar seu equívoco secular ao localizar na dimensão animal do ser humano sua propensão para o mal, apesar de a narrativa da criação relatar que Deus tomou o cuidado de examinar cada etapa de sua obra e comprovar que era boa, confirmando a respeito da totalidade dela após concluída. Segundo a narrativa de Gênesis, foi apenas posteriormente que “por um (só) homem entrou o pecado no mundo, como afirmaria categoricamente o apóstolo em Romanos 5.12.
Nosso próximo assunto será A fé e a dimensão tácita, que poderá esclarecer um pouco mais sobre o que a teologia ganharia reaproximando-se das descobertas dos que esquadrinham as leis que regem as coisas criadas, e vice-versa, à semelhança dos sábios antigos.

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