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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

“Já nasceu! Nasceu um homem!”

JÓ de Uz - 8
Por que é que os infelizes
continuam vendo a luz?
E por que deixar viverem
os que amargam uma cruz?
Só esperam sua morte;
ela teima; e não vem;
muito embora a desejem
muito mais que aos bens que têm!
- Jó 3.20-21


Sinta o amargo sabor que abalou o pesado silêncio que tomara conta de Jó e seus amigos: capítulo 3. 
Talvez no Oriente antigo não houvesse anúncio que agradasse mais a uma família do que este: “Já nasceu! Nasceu um homem!”. Entretanto, o sofrimento de Jó era tão profundo a ponto de desejar ardentemente que não houvesse existido o dia em que alguém dissera isso a seu respeito, ou que tivesse nascido morto, ou morrido ao nascer. E que assim acontecesse com todos os infelizes.
Não foram palavras impensadas, mas proferidas após sete longos dias e noites de reflexão, e certamente também de oração, como aconselhava a milenar sabedoria. Que diferença comparadas com as que dissera ainda sob o impacto do anúncio das catastróficas desgraças que o atingiram e diante da mulher que o importunava:
Se, de Deus, nós recebemos
coisas boas, sem contagem,
por que não também desgraças,
sim, podermos aceitar?
Pesando melhor suas dores, nem os dias de abundante prosperidade serviriam para compensar seus gemidos de agora. Poderia até conformar-se com seu infortúnio particular, se fosse da vontade de Deus, mas percebeu que se igualara a todos que amargam uma cruz, os presos e os escravos entre eles, para os quais a própria morte pesaria menos do que a existência que suportavam.
Essa amarga percepção, comum à toda literatura sapiencial bíblica, de um viver pior que a própria morte faria bem se considerada por aqueles que advogam a preservação da vida de quem sofre horrores a qualquer custo. Do mesmo modo, a perversidade dos que submetem seres humanos a situações assim degradantes seria considerada bem maior do que a de qualquer assassino.
Mas o que você diria a um irmão ou irmã, amiga ou amigo, que viesse com semelhante conversa para seu lado? A discussão está apenas começando. 



Segue: Ninguém há que me socorra


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