As passagens de Atos que transcrevemos na
última postagem datam do final do século primeiro.
Em meados do segundo, Luciano de Samósata,
historiador não cristão, numa descrição crítica daquela prática,
assim se referiu aos cristãos:
“Desde que mudaram de culto,
renunciaram aos deuses gregos e adoram o sofista crucificado de quem
seguem as leis. Desprezam igualmente todos os bens e poem-nos em
comum, pela fé completa que têm nas suas palavras.”
No final do mesmo século, foi Tertuliano
que testemunhou:
“...somos irmãos na nossa
propriedade familiar com a qual a maior parte das vezes se dissolve a
irmandade. Nós, portanto, que estamos unidos de alma e espírito,
não temos dúvidas em ter bens em comum...”
Curiosa é uma carta de
Mensurius, bispo de Cartago, a Secundus, bispo de Tigrisi, durante a
perseguição sob Diocleciano, já no início do quarto século, em
que declara ter proibido que alguém fosse homenageado como mártir
que se entregara por vontade própria. Diz ele:
“alguns deles
eram
criminosos e devedores do Estado, que achavam que poderiam, com isso,
se livrar de uma vida onerosa, ou então apagar a lembrança de seus
delitos, ou pelo menos ganhar dinheiro e gozar na prisão os luxos
supridos pela bondade dos cristãos.”
Foi no final deste mesmo quarto século,
quando a Igreja já gozava das benevolências do Império Romano, que
coube a São João Crisóstomo lamentar:
“Ah! Por que é
que se terão perdido estas tradições? Ricos e pobres poderiam
todos tirar proveito destes costumes piedosos e uns aos outros
sentiríamos o mesmo prazer em nos conformarmos com eles...”
Vamos
refletir sobre isso? Na próxima.
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