O
DEUS da Criação 21
Examinemos
um pouco mais de perto como a prática dos sábios antigos –
investigando em todos os campos do
conhecimento humano, que na época não passava de um único
conglomerado permanentemente integrado enriquecendo-se como apenas um
– resultou nesse divórcio tão radical entre ciência e teologia
que testemunhamos em nossos dias.
Eles
consideravam que a
divindade
fazia-se
conhecer não apenas na história de Israel, mas também e ao mesmo
tempo
por
meio das coisas que foram criadas, visão
que não se restringia aos responsáveis pelos livros bíblicos de
sabedoria, pois bem mais tarde o apóstolo Paulo não teve muita
dificuldade em justificar baseado nela sua missão entre os gentios.
É o que se pensava entre os judeus.
Mas
nessa época o império romano já conquistara quase todo o mundo
antigo e continuava se expandindo. A igreja que iniciava sua missão
acabou se estendendo por todo seu território e até para além de
suas fronteiras. Esses dois fatores propiciaram a integração e o
intercâmbio entre todos os povos que ocupavam esse enorme espaço.
Inclusive quanto ao que se referia ao conhecimento em todas suas
áreas, que já começavam a se especializar e adquirir
características próprias. Embora houvesse grande cooperação entre
elas, não faltavam conflitos, principalmente em matérias comuns.
Toda essa atividade se dava sob a designação geral de filosofia,
mesmo a própria teologia. A que derivou para o que chamamos hoje de
ciências era conhecida como filosofia natural.
O
divórcio, entre todas elas, se configuraria pouco a pouco a partir
da chamada Idade Nova, do início do século quatorze a meados do
dezessete. A divergência não estava relacionada necessariamente com
o que conhecer, mas basicamente sobre o objetivo, o método e o
alcance da investigação. O que fez muita diferença.
Deixando
as questões relacionadas à divindade por conta das teologias, as
ciências dedicaram-se a descobrir como manipular as
coisas que foram criadas,
vivas ou inanimadas. Os teólogos, por seu lado, voltaram-se de
preferência para o domínio das ideias, à semelhança do que sobrou
para as filosofias, e também, com muita propriedade, para as
Escrituras, abandonando em parte as coisas
que foram criadas como
fonte de conhecimento dos atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade.
Ficariam assim de certo modo desamparados teologicamente os crentes
pouco familiarizados com o mundo das letras, entre os quais se contam
os analfabetos, mas também muitos poderosos deste mundo e até das
igrejas.
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