Translate

Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

História de um divórcio


O DEUS da Criação 21


Examinemos um pouco mais de perto como a prática dos sábios antigos – investigando em todos os campos do conhecimento humano, que na época não passava de um único conglomerado permanentemente integrado enriquecendo-se como apenas um – resultou nesse divórcio tão radical entre ciência e teologia que testemunhamos em nossos dias.
Eles consideravam que a divindade fazia-se conhecer não apenas na história de Israel, mas também e ao mesmo tempo por meio das coisas que foram criadas, visão que não se restringia aos responsáveis pelos livros bíblicos de sabedoria, pois bem mais tarde o apóstolo Paulo não teve muita dificuldade em justificar baseado nela sua missão entre os gentios. É o que se pensava entre os judeus.
Mas nessa época o império romano já conquistara quase todo o mundo antigo e continuava se expandindo. A igreja que iniciava sua missão acabou se estendendo por todo seu território e até para além de suas fronteiras. Esses dois fatores propiciaram a integração e o intercâmbio entre todos os povos que ocupavam esse enorme espaço. Inclusive quanto ao que se referia ao conhecimento em todas suas áreas, que já começavam a se especializar e adquirir características próprias. Embora houvesse grande cooperação entre elas, não faltavam conflitos, principalmente em matérias comuns. Toda essa atividade se dava sob a designação geral de filosofia, mesmo a própria teologia. A que derivou para o que chamamos hoje de ciências era conhecida como filosofia natural.
O divórcio, entre todas elas, se configuraria pouco a pouco a partir da chamada Idade Nova, do início do século quatorze a meados do dezessete. A divergência não estava relacionada necessariamente com o que conhecer, mas basicamente sobre o objetivo, o método e o alcance da investigação. O que fez muita diferença.
Deixando as questões relacionadas à divindade por conta das teologias, as ciências dedicaram-se a descobrir como manipular as coisas que foram criadas, vivas ou inanimadas. Os teólogos, por seu lado, voltaram-se de preferência para o domínio das ideias, à semelhança do que sobrou para as filosofias, e também, com muita propriedade, para as Escrituras, abandonando em parte as coisas que foram criadas como fonte de conhecimento dos atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade. Ficariam assim de certo modo desamparados teologicamente os crentes pouco familiarizados com o mundo das letras, entre os quais se contam os analfabetos, mas também muitos poderosos deste mundo e até das igrejas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário