Trechos
extraídos do livro História da Minha Vida
de Cândido Mariano
Rondon
"Tive a honra de participar de dois movimentos cívicos que logicamente se encadeiam: a Lei Áurea (libertação dos escravos) e a Proclamação da República.
"Foi o ano de 1888 de intensa preocupação social, reflexo da grande crise que abalara a França.
"Lá, movimento negativo conduzido pela metafísica – fase iniciada em fins do século XIV – oscilava entre a escola filosófica de Voltaire e a escola política de Rousseau, proclamando uma a liberdade, pretendendo outra a igualdade, incapazes ambas de construir.
"Mas no trinômio lendário da Revolução Francesa – 'Liberdade, Igualdade, Fraternidade' – representava esta a parte construtiva, constituindo todo o programa de reorganização social. Sustentada pelos enciclopedistas, como Diderot, Hume, d'Alembert, Condorcet, era defendida por Danton.
"A esta escola se ligaram os ardorosos moços da Escola Militar, orientados pelo tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, o mestre amado." (pags. 36-37
"Em 1888, enviou o general Manoel Deodoro da Fonseca uma representação à princesa para que não obrigasse o Exército a colaborar na captura dos escravos. Estava assim feita, de fato, a abolição; certos os fugitivos de que ficariam impunes, uma vez que o Exército não mais colaboraria nas batidas para capturá-los. Não tendo a Monarquia mais força para manter a escravidão, a abolição se fez "porque a Nação o quis e assim o quis", disse João Alfredo, o autor da Lei Áurea. A fraqueza da Monarquia não decorreu, pois, da abolição, e sim esta é que proveio daquela.
"Eis um trecho da representação que o general Manoel Deodoro da Fonseca enviou à princesa:
Diante de homens que fogem calmos, sem ruído, mais tranquilamente que o gado que se dispersa pelos campos, evitando tanto a escravidão como a luta, e dando, ao atravessar cidades inermes, exemplo de moralidade cujo esquecimento tem feito muitas vezes a desonra dos exércitos mais civilizados, o Exército Brasileiro espera que o Governo Imperial lhe concederá o que respeitosamente pede, em nome da honra da própria bandeira que defende." (págs. 39-40)
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Segue: Credo de um positivista.
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