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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

sábado, 21 de março de 2015

O homem que queria comprar sapato

Olha essa história de Han Feizi, encontrada no livro Fábulas Chinesas, organizado e traduzido por Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz, editora L&PMPocket.
Um homem do reino de Zheng decidiu comprar um par de sapatos. Pegou a fita métrica, mediu seu pé direito e depois seu pé esquerdo. Ao sair, esqueceu a fita e as anotações sobre a cadeira. Mais tarde, quando encontrou os sapatos que queria, deu-se conta do esquecimento e suspirou desanimado:
- Puxa, eu me esqueci de trazer as medidas!
Voltou correndo para casa, a fim de buscá-las.
Ao retornar ao mercado, a feira tinha acabado e não havia mais nada aberto, e ele ficou muito triste porque não pode comprar os sapatos.
- Por que não experimentou os sapatos? - alguém lhe perguntou.
Ele respondeu que acreditava mais na fita métrica do que nos seus pés.
Esse homem até parece os escribas e fariseus que, para desqualificar Jesus, alegavam que ele comia com os pecadores, não lavava as mãos antes das refeições, curava no sábado, blasfemava ao se dizer filho de Deus, etc. Eu, Plebe Maldita, que não entendo de números nem de letras, mas que andava com ele, ao contrário, estava muito satisfeita, pois não me machucava, me protegia e fazia da caminhada um prazer.
Se parece também com os comentaristas políticos e econômicos que, ano passado, para provar que o sapato oferecido pelo governo não servia para Brasil, nos inundavam de gráficos e números sem conta: alta do dólar, queda da bolsa, taxa de juros, crescimento da inflação, retração do pib, etc. etc. As pessoas, entretanto, através das pesquisas de opinião, demonstravam pouco interesse em números e gráficos e que estavam satisfeitas com o sapato que usavam, o que confirmaram nas urnas.

Entretanto, mal começou 2015 e o sapato começou a machucar de verdade. Os que nos inundavam com números, agora bombardeiam o governo com conselhos, para que consiga se sustentar, tais como: dizer isso ou aquilo, se afastar do fulano, aproximar-se do beltrano, agradar a esse, desprezar aquele... Eu, Plebe Maldita, acho apenas que o povo, que vai para as ruas e o que não vai mas vota, garantirá vida longa ao governo que lhe costurar um calçado que não machuque, que o proteja e torne agradável a caminhada, independentemente do que disserem os que entendem de fita métrica, letras, números e gráficos, e que pouco sabem de vida, alegria e felicidade.

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