Estado laico

Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus,
perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado?
Eles, porém, nada disseram.
E, tomando-o, o curou e o despediu.
- Lucas 14.3-4

Estamos construindo um novo país. Não importa o que você diga e faça, ou não diga e não faça, estará influenciando no destino deste Brasil que vive um momento tão sensível. Idéias e iniciativas pipocam e os apoiadores de cada uma vão aos poucos se agrupando em torno delas. Algumas vêm com embasamento do tipo: uma vez que o estado é laico... Ora, numa democracia, o estado nunca é diantemão o que ele é, ele é feito e estará sempre se refazendo enquanto for democrático. Essa afirmação dogmática, apresentada como verdade absoluta, equipara esse princípio às doutrinas religiosas mais conservadoras, exatamente às quais ela parece pretender se contrapor.

Há quem ache, então, que não há lugar para símbolos religiosos em repartições ou espaços públicos de um estado laico. Muitos chegaram até a promover a remoção de objetos de devoção em gabinetes de servidores e escolas públicas. Outros, seguindo o mesmo raciocínio, sugeriram a remoção da deusa pagã da justiça presente em tribunais e instalações do judiciário. E, como era de se esperar, o banimento de representações de orixás que começam a aparecer em praças e outros logradouros, sem falar nas inumeráveis imagens de santos católicos que, de tanto habitarem certos espaços, já teriam até obtido o direito de usucapião. Sobrou até para o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que deveria de ser simplesmente demolido em respeito a esse dogma inquestionável.

A questão me parece simples: esses símbolos e representações têm acarretado algum mal aos cidadãos e cidadãs de nossa pátria? Se a resposta for positiva é evidente que devem ser banidos sem demora. Se for negativa, ou o dogma em questão não se sustenta, ou não se aplica a tais insanidades. E se, ao contrário, tiverem feito algum bem a um destes pequeninos irmãos do Rei?...  Voltarei ao assunto.

É bom ler Mateus 25.39-45; Lucas 13.14-16; 14.1-6.