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Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a essa plebe, que nada sabe da lei, é maldita... (João 7.48-49)

domingo, 26 de abril de 2015

Estado laico 2

É consenso mundial de que respeitar os limites de velocidade estabelecidos pelas autoridades preserva vidas. Permitam-me questionar essa tese. Só no ano passado, apenas o estado de São Paulo multou mais de 3 milhões de transgressores desta norma, o que já evidencia que ela é muito pouco observada. E quantos milhões nem chegaram a ser pegos? Para ter uma idéia, pensei: eu dirijo há exatos 54 anos, essa regra nunca foi suficiente para conter meu pé no acelerador quando as condições objetivas ofereciam certa segurança e não havia forte indício de ser flagrado, mas resultou em apenas uma multa desse tipo nesse longo período; outros condutores com os quais viajava comportavam-se de modo semelhante, também com apenas uma exceção; fui envolvido em alguns acidentes, como motorista ou como passageiro, mas nenhum aconteceu por alguém ir mais rápido do que o permitido.


Creio que a sua experiência, à semelhança da minha, também autoriza a afirmar que, respeitadas as exceções que confirmam a regra, ninguém ao volante observa sempre os limites estabelecidos. Na verdade, é grande o número dos que exageram e se envolvem em acidentes, alguns muito graves, tanto em alta como em baixa velocidade, mas a grande maioria mesmo, apesar dessa transgressão, procede com cuidado e responsabilidade. Acontece porque os homens em geral não costumam pautar seu comportamento por normas e leis impressas em códigos ou placas e muito poucos se importam com eventuais punições. Em termos bíblicos, diríamos que cada um é guiado por leis gravadas em seus corações, no íntimo de seu ser.

Isso se aplica a todos os aspectos da vida humana, no trabalho, nos negócios, nos diversos procedimentos sociais, inclusive na política. Mas, nestes casos, a maioria das pessoas não costuma ter o mesmo poder para conduzir suas próprias vidas como tem para controlar seus carros, e quem tem de fato o exerce com ainda menos cuidado e responsabilidade do que no trânsito, causando ainda mais danos do que nas estradas. E o estado, que é laico, para contê-los, só pode contar com leis externas, fiscalização e punições, ineficientes também nestes casos.

Só podemos mesmo contar é com aquele que tem poder e legitimidade para gravar leis justas no coração da pessoa humana, que dispensam inclusive fiscalização, punições e todo o desgaste delas decorrentes.

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