É consenso mundial de que respeitar os limites de
velocidade estabelecidos pelas autoridades preserva vidas. Permitam-me
questionar essa tese. Só no ano passado, apenas o estado de São Paulo multou
mais de 3 milhões de transgressores desta norma, o que já evidencia que ela é
muito pouco observada. E quantos milhões nem chegaram a ser pegos? Para ter uma
idéia, pensei: eu dirijo há exatos 54 anos, essa regra nunca foi suficiente
para conter meu pé no acelerador quando as condições objetivas ofereciam certa
segurança e não havia forte indício de ser flagrado, mas resultou em apenas uma
multa desse tipo nesse longo período; outros condutores com os quais viajava comportavam-se
de modo semelhante, também com apenas uma exceção; fui envolvido em alguns
acidentes, como motorista ou como passageiro, mas nenhum aconteceu por alguém
ir mais rápido do que o permitido.
Creio que a sua experiência, à semelhança da minha,
também autoriza a afirmar que, respeitadas as exceções que confirmam a regra,
ninguém ao volante observa sempre os limites estabelecidos. Na verdade, é
grande o número dos que exageram e se envolvem em acidentes, alguns muito
graves, tanto em alta como em baixa velocidade, mas a grande maioria mesmo,
apesar dessa transgressão, procede com cuidado e responsabilidade. Acontece
porque os homens em geral não costumam pautar seu comportamento por normas e
leis impressas em códigos ou placas e muito poucos se importam com eventuais
punições. Em termos bíblicos, diríamos que cada um é guiado por leis gravadas
em seus corações, no íntimo de seu ser.
Isso se aplica a todos os aspectos da vida humana, no
trabalho, nos negócios, nos diversos procedimentos sociais, inclusive na
política. Mas, nestes casos, a maioria das pessoas não costuma ter o mesmo
poder para conduzir suas próprias vidas como tem para controlar seus carros, e
quem tem de fato o exerce com ainda menos cuidado e responsabilidade do que no
trânsito, causando ainda mais danos do que nas estradas. E o estado, que é
laico, para contê-los, só pode contar com leis externas, fiscalização e
punições, ineficientes também nestes casos.
Só podemos mesmo contar é com aquele que tem poder e
legitimidade para gravar leis justas no coração da pessoa humana, que dispensam
inclusive fiscalização, punições e todo o desgaste delas decorrentes.
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