Antigamente,
por meio dos profetas,
Deus falou muitas vezes e de muitas
maneiras aos nossos antepassados,
mas nestes últimos tempos ele
nos falou por meio do seu Filho.
Hebreus
1.1-2
Agora, para não confundir Revelação Natural com Teologia da Natureza, diríamos que, basicamente, esta aprenderia sobre a Criação a partir das Escrituras sagradas, o livro da Revelação, a Palavra de Deus. Assim: Deus> ser humano> natureza.
Existe uma gama muito grande e variada de teorias que se enquadrariam nesta designação, tantas quantas são diversas as interpretações das Escrituras. Começa com as que se assemelham à Teologia Natural conforme descrita na postagem anterior, apenas acrescentando a elas bases bíblicas para justificar a superioridade do ser humano, mas igualmente reservando também a Deus um papel não mais que assessório.
Vai até as que podemos reconhecer como variáveis da própria Revelação Natural. Mas não chegam a superar as limitações do discurso fundamentado, das teorias, racionais, como as próprias das ciências experimentais: não são traduções da interpelação original que partira da própria Criação; pois fundamentam-se em conclusões pré-estabelecidas do próprio pensador, ainda que na maioria das vezes bem intencionadas e fundamentadas.
Assim, teologias envolvendo questões ambientais cresceram significativamente depois que a degradação da natureza se tornou preocupante e os teólogos, corretamente, precisaram contribuir com sua palavra a respeito, com o mérito de valorizar descobertas de seus colegas com experiência em investigar sobre as coisas criadas. Enquanto isso, meados do século passado, começava a arrefecer o otimismo exagerado com relação ao trabalho científico, e seus próprios profissionais passavam a ser mais críticos e cautelosos, bem como os teóricos do conhecimento. Configurou-se uma excelente oportunidade para um diálogo produtivo entre teólogos e cientistas: discursos bastante próximos começaram a ser produzidos de ambas as partes.
Se tudo isso fora causado de fato pela ameaça que paira sobre o meio ambiente, reflete o modo como geralmente encaramos nossas doenças individuais e coletivas: só pensamos nos órgãos e funções que elas prejudicam ao sentirmos sintomas realmente preocupantes. O fenômeno Covid é um exemplo gritante. Mas há pessoas que, depois de tais experiência, passam a se interessar em conhecer e cuidar melhor de seu corpo individual e social, para tirar deles o melhor proveito; não somente previnem outras enfermidades, como descobrem possibilidades e prazeres que desconhecem.
Aproveitemos então o momento para prestar mais atenção na Revelação Natural, no que a natureza está querendo nos dizer na sua própria linguagem, infinitamente mais rica e inteligível, pois ela guarda muito mais segredos do que cabe em nossa própria capacidade de desejar, ou simplesmente imaginar.
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